Completamente entregue ao non sense.

sábado, 1 de maio de 2010

Elegia

Há coisas que a gente não sabe nunca o que fazer
[com elas...
Uma velhinha sozinha numa gare.
Um sapato preto perdido do seu par: símbolo
Da mais absoluta viuvez.
As recordações das solteironas.
Essas gravatas
De mau gosto tocante
Que nos dão as velhas tias.
As velhas tias.
Um novo parente que se descobre.
A palavra "quincúncio".
Esses pensamentos que nos chegam de súbito
[nas ocasiões mais impróprias.
Um cachorro anônimo que resolve ir seguindo a gente
[pela madrugada na cidade deserta.
Este poema, este pobre poema
Sem fim...

Mario Quintana